UFRJ - RJ - 2008 - R1 - 1

Questão 59

Laís, 23 anos, comerciária, branca, com atraso menstrual há 4 meses. Não tem parceiro fixo desde que se separou do marido há 8 meses. Neste período teve relações sexuais esporádicas, sem proteção. Gesta III para 0,3 abortos provocados, entre o 2º e o 4º meses de gestação, sem complicações. Nega doenças sexualmente transmissíveis, alergias,cirurgias ou doenças prévias. Usou anticoncepcional oral (ACO) irregularmente nos últimos 4 anos e parou há 8 meses, porque “esquecia muito”. Consumo de 10 garrafas de cerveja por noite, em bailes “funk”, nos fins de semana e de cocaína, esporadicamente. Exame físico: mucosas hipocoradas +/4+ e aumento do fundo de útero,com medida de 14 cm. Ausculta do hipogástrio, com sonar Doppler, foram detectados batimentos cardíacos fetais com frequência de 156 bpm. Exames complementares: grupo sanguíneo A,fator Rh negativo,com variante Du negativa; hemácias 3.200.000/mm³, macrocitose e hipocromia; sorologias para toxoplasmose, rubéola e herpes IgG e IgM negativas; sorologias para citomegalovírus IgG e IgM negativas. Pesquisas para hepatite B e SIDA negativas. A ultrassonografia revelou biometria fetal compatível com 16 semanas de amenorreia. Laís quer saber se o seu bebê pode ter síndrome de Down, mas não gostaria de correr qualquer risco de perdê-lo. Durante a consulta, na 21ª semana de gravidez, foram realizados: exame de Coombs indireto no sangue materno que foi positivo para diluição de 1 / 32, com anticorpos anti-D identificados pelo painel de hemácias; contagem de hemáceas: 3.800.000 /mm3. Ultrassonografia morfológica e dopplerfluxometria dentro de valores normais para a idade gestacional. A aferição da pressão arterial, o crescimento do fundo uterino e a ausculta fetal encontravam-se nos limites esperados para a idade da gravidez. A paciente não sabia informar a respeito da última vacinação antitetânica. Na 37ª semana de gestação, Laís foi à Maternidade-Escola da UFRJ com dores abdominais, tipo cólica, há 8 horas. Negava perda de sangue ou líquido e relatava movimentos fetais ativos. Exame na admissão: PA = 130 x 85 mmHg, FC = 90 bpm, fundo uterino de 35 cm, metrossístoles: 3 em 10 minutos durando 55 segundos, BCF de 160 bpm, regular, situação longitudinal,apresentação cefálica e dorso à direita. Ao toque: colo centralizado, 90% apagado, dilatado 5 cm, plano “-1” de De Lee. Observou-se pequena bossa serossanguínea na cabeça fetal e, no exame da bacia, uma conjugata diagonalis de 10 cm,diâmetro bi-isquiático de 7 cm e ângulo subpúbico agudo menor que 70 graus. Após o parto, Laís foi encaminhada à enfermaria queixando-se de cólica abdominal. O útero estava contraído. Foi medicada com analgésico, soro fisiológico e soro glicosado. O obstetra optou por não prescrever ocitocina devido às queixas e ao exame do útero. Uma hora após, Laís encontrava-se sangrando muito. Estava lúcida, hipocorada 3+/4+, hidratada, acianótica, eupneica, taquicárdica (120 bpm)e hipotensa (80 x 40 mmHg). Não se conseguia palpar o fundo uterino no abdome e o útero estava flácido e depressível. Havia sangramento vaginal vivo em grande quantidade.Um estudo para avaliar a prevalência do uso de cocaína e de maconha no terceiro trimestre de gravidez numa população de adolescentes de um hospital público de São Paulo usando análise do cabelo mostrou: 4,0% das grávidas usaram maconha, 1,7% cocaína e 0,3%, as duas drogas. O acompanhamento dessas gestantes mostrou incidência maior de abortos entre as usuárias de drogas do que entre as não usuárias. A Tabela a seguir refere-se ao resultado de pesquisa realizada em Pelotas que correlacionou o uso de drogas entre adolescentes com fatores socioeconômicos. (VER IMAGEM) Observando-se a tabela, pode-se afirmar que:
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