UFRJ - RJ - 2006 - R1 - 1

Questão 84

Dois pacientes, recém admitidos em nosso serviço, leram algo a respeito de um novo tratamento para parar de fumar em revista de grande circulação e querem experimentá-lo. Fazem acompanhamento regular com clínico e pneumologista devido ao diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Sr. Afonso, 68 anos, aposentado, funcionário público, fuma um maço de cigarros / dia desde os 20 anos. Parou temporariamente há 4 anos, quando recebeu o diagnóstico de DPOC. Voltou a fumar quando sua esposa faleceu há dois anos. --- “Tenho cada vez mais falta de ar e acho que os remédios já não estão fazendo mais efeito como antes. De vez em quando deixo de usar a “bombinha” quando me sinto bem, porque economizo um pouco... Também fiz a vacina para a gripe, durante a campanha do governo, mas não acredito muito nos resultados, até porque tive pneumonia duas vezes. Emagreci uns 10 Kg neste ano. É que não me animo para comer sozinho e nem para fazer comida só para mim. Minha filha é divorciada, tem 45 anos e mora comigo, mas trabalha fora o dia todo; meu neto tem 15 anos e quase não pára em casa. Já tomei remédios para abrir o apetite, mas não deram certo. Não tenho nem vontade de sair. Antigamente saía com amigos, jogava cartas, mas fico muito cansado e prefiro ficar em casa. Aliás, não dá mesmo para sair, tenho vontade de urinar o tempo todo. Quero parar de fumar. Já tentei várias vezes, mas o cigarro é meu companheiro. Acho que consigo ir parando devagarzinho até me acostumar. Gosto de beber uma cerveja, ‘as vezes, e fumar um cigarro depois de um cafezinho, também. A minha filha é executiva de uma multinacional e trabalha muito, é muito nervosa, fuma desde os 12 anos e teve complicações na gravidez. - “Então, Sr. Afonso, vamos parar de fumar? Eu vou ajudá-lo” Sr. Heitor, 55 anos, bancário. Fuma dois maços de cigarros/dia desde os 20 anos. Embora tenha recebido o diagnóstico de DPOC, não consegue parar de fumar. ---”Tenho uma vida muito agitada e a competição no trabalho... O senhor sabe, na minha idade, não dá “pra” parar de fumar. Minha esposa não fuma e os filhos também reclamam. Então eu fumo muito pouco em casa. No trabalho tem área para fumantes. Isso também fez com que eu fumasse bem menos. Sempre dá para dar uma escapulida e beber com os amigos, principalmente uma cervejinha. Há 5 anos tenho uma tosse “de cachorro” e há 2 anos tenho muita secreção, principalmente pela manhã. Desde então não tenho muito fôlego para jogar bola e com isto engordei um pouco e estou com o colesterol e glicose aumentados. Também tenho dor na batata da perna esquerda quando caminho um pouco mais. Aí eu paro um pouco e a dor melhora. Já tive pneumonia e bronquite. Fui, nesta época, ao urologista porque não estava conseguindo ter relações com a minha esposa. Recentemente procurei o especialista que me disse que eu tinha bronquite crônica e que deveria parar de fumar. Receitou dieta e alguns medicamentos para o colesterol, antibióticos e vacinas, que ainda não tomei porque, pelo que sei, a campanha é para idosos. Já tentei parar, mas não consigo”. “O senhor está disposto a parar de fumar? Vamos tentar juntos”. Entre as manifestações relatadas pelos pacientes, é decorrente do tabagismo:
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