UFRJ - RJ - 2007 - R1 - 1

Questão 50

Maria tem 25 anos. Procurou o posto de saúde com náuseas e cefaleia há dois meses. Na semana anterior havia sido medicada pelo balconista da farmácia com antiácido oral e paracetamol, sem melhora. Relata dois episódios de infecção urinária tratados no pronto-socorro, há cerca de um ano. Pai falecido com 48 anos de idade por problemas de pressão alta e mãe viva com 50 anos, hipertensa. Menarca aos 14 anos com ciclos regulares de 30 dias. Iniciou vida sexual aos 17 anos referindo quatro parceiros. Namorado fixo há dois anos. Usou anticoncepcional oral dos 18 aos 24 anos, quando trocou por anticoncepção injetável mensal. Nos últimos 5 meses sem medicação porque “não tinha dinheiro para comprar”. Ignora a data da última menstruação. Continuou praticando sexo sem proteção. O exame físico mostrou: PA 142 x 98 mm Hg, FC 76 bpm, temperatura axilar 36,5 C, altura de 1,70m e peso de 60,0 kg. Exame ginecológico: períneo, vulva e vagina sem anormalidades. Colo uterino azulado. Toque vaginal: útero aumentado de volume, medindo 11 cm e colo com consistência amolecida. Durante a consulta a paciente realizou teste de urina para gravidez que foi positivo e após quatro horas de repouso foi feita nova aferição da pressão arterial que mostrou valores semelhantes aos anteriores. Foram solicitados alguns exames, a paciente foi medicada com droga anti-hipertensiva e a consulta remarcada para duas semanas. Na consulta de retorno, Maria trouxe os seguintes resultados: Tipo sanguíneo A, Rh positivo, hemácias = 4.000.000/mm, plaquetas 265.000/mm3, creatinina =0,8 mg/dl, ácido úrico =3,2 mg/ml, glicemia=76 mg/dl, VDRL negativo, HIV negativo, HbsAg negativo, AST=14 UI/L, EAS sem anormalidades, urocultura negativa. (VER IMAGEM!!) O ultrassom transvaginal apresentou feto único, com comprimento cabeça-nádega de 63 mm, batimentos cardíacos fetais de 160 bpm, compatível com 12 semanas de gravidez. Os marcadores de aneuploidias encontravam-se dentro da normalidade. Ao exame físico: PA 126 x 82 mm Hg, pulso de 80 bpm e temperatura axilar de 36º C. Restante do exame sem anormalidades. Frente ao resultado da sorologia para toxoplasmose, o médico orientou a paciente. Durante a 20ª semana, observaram-se volumosas lesões verrucosas no períneo e no colo do útero. Com 23 semanas, Maria procurou o Serviço de Emergência porque estava ansiosa com o resultado do segundo exame de urina. O EAS apresentava hemoglobina ++/4+, nitrito positivo, aumento da flora bacteriana e incontáveis leucócitos. Negava febre. Quando questionada pelo médico sobre queixas urinárias, referiu disúria e polaciúria. A ultrassonografia feita na 26ª semana mostrou normodramnia e biometria fetal compatível com o tempo gestacional. O doppler apresentou incisuras bilaterais e artérias umbilical e cerebral média dentro dos limites de normalidade. Durante a 32ª semana Maria apresentou PA 152 x 100 mmHg, em duas aferições com quatro horas de intervalo, e ganho ponderal de 2000 g por semana, nas últimas 2 semanas. Negava outras queixas. Foi internada. Exames 3 laboratoriais: Hemácias = 3.400.000, plaquetas 110.000/mm, creatinina=0,9 mg/dl, ácido úrico=4,8 mg/dl, dosagem de proteína urinária em amostra de 24 horas = 800 mg/24h. Urocultura negativa. Após a internação, foram prescritos alguns cuidados especiais. Na manhã do 4º dia de internação, Maria acordou com dor epigástrica persistente e alterações visuais. A PA era de 160 x 100 mmHg. Exames de urgência apresentaram plaquetas 70.000 / mm3, AST=86 UI/L e bilirrubinas totais = 1,6 mg/dl. Foi indicada a interrupção da gravidez pela via alta. Para a prevenção da eclampsia puerperal, o fármaco anticonvulsivante só deverá ser continuado se:
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